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quinta-feira, 3 de março de 2011

Dilma, a aclamada centro-esquerda e o “suspeito projeto de socialização do PT”.






Hoje, para ser mais preciso neste exato momento, está sendo realizada a votação do salário mínimo de 2011 no congresso nacional — no espaço de tempo em que escrevo este texto não sei o resultado da votação, entretanto para as observações que pretendo expor nestas linhas isto, o resultado, não tem a menor importância, visto que as propostas refletem inequivocamente as nuances políticas que pretendo descrever criticamente neste artigo— e algumas propostas foram colocadas na mesa, contudo o resultado já é previsível, pelo menos para quem não tem ingenuidades políticas: a proposta do governo de um salário miserável de 545 reais será aprovada com grande maioria.

Alguns fatos nesta votação, a primeira do “novo” governo Dilma Rousseff, vem me chamando muito a atenção durante as duas últimas semanas: até onde vão realmente os ganhos sociais do governo do PT; a passividade doentia de um país inteiro perante um dos maiores instrumentos de força social (salário mínimo); os constantes afagos e elogios feitos pela imprensa de mercado à atual presidente e ao seu estilo de governo; e conseqüentemente até onde vão os reais interesses sociais do governo Dilma.

Os ganhos sociais promovidos pelo governo Lula tão divulgados vão até onde permitem o capital e limitam-se na temporalidade de suas benesses. Explico-me. As políticas sociais do governo petista tendem a ser submissas a uma lógica de mercado, isto é, as garantias são dadas apenas em consideração daquilo que interessa ao mercado e são constantemente ameaçadas pela instabilidade inerente do sistema capitalista, por isso o salário não pode se valorizar tanto.


O povo brasileiro passou 8 anos anestesiado e em altíssimo grau de passividade, isso justifica em parte a acomodação dos grupos sociais na briga pelos seus direitos (onde está a UNE por exemplo), neste caso específico, o aumento real do salário mínimo. Entretanto isso não é tudo, temos um povo altamente despolitizado e apático no que diz respeito ao envolvimento com as questões basais do nosso país sem nação, isto se dá principalmente por causa do subdesenvolvimento da nossa educação e também por conta das escolhas infelizes desse povo sem nação. Exemplo: Big-brother, novela e carnaval.

Enfim, o que nos espera no governo Dilma? Ao que tudo indica, nada de bom para as camadas sociais mais baixas. A presidente está sendo idolatrada pela mídia exatamente pelo seu perfil direitista, ou como coloca a imprensa, diferente do perfil do ex-presidente Lula. Esses elogios constantes são frutos da convergência de interesses comuns por parte dos planos econômicos do governo federal e da mídia de massas no Brasil. Isso quer dizer por exemplo, que o salário mínimo não pode se valorizar porque isso fere aos interesses do mercado (leia-se capital), portanto podemos antecipar o que nos aguarda nos próximos quatro anos de mandato da primeira presidente mulher desse país (parece que a única diferença desta presidente para os “homens” que a antecederam será a mentalidade fálica).

A centro-esquerda é o único caminho para as conquistas sociais no mundo contemporâneo? Definitivamente não. Após a queda do muro de Berlin que se tornou praticamente o grande símbolo da polarização do mundo entre capitalismo (EUA, Inglaterra França) e socialismo (URSS, Cuba, Coréia do norte) o bloco comunista liderado pela Rússia soviética desmoronou e com ele levou muitas expectativas de militantes esquerdistas ao redor do mundo. O PT não ficou imune a esse acontecimento e viu as forças de suas idéias se diluírem com o tempo, então restou ao partido uma reestruturação de suas bases ideológicas e o caminho escolhido foi o da social democracia européia. Então por volta de 1995 sob o comando de José Dirceu, presidente na época do partido, o PT começou a degringolar.

Observado tudo isso e entendendo uma realidade totalmente nova após a primeira década do século XXI onde países como Venezuela, Cuba e China estão, dentro das possibilidades de suas realidades, adquirindo sucesso nos seus problemas políticos, sociais e econômicos é possível afirmar categoricamente que o socialismo e a esquerda se reestruturaram novamente e não foi para a direita como fez o PT na década de 90. Isto é, a hegemonia do capitalismo mostrou a necessidade do socialismo, um mundo governado pelas leis de mercado é inviável em todos os sentidos, mas principalmente no campo social e ambiental.

Por isso tudo o projeto de socialização do PT esconde interesses escatológicos (esta palavra se encaixa nos seus dois sentidos) por parte da classe média alta deste país. Pretende implantar na mentalidade coletiva a necessidade de um sistema submisso ao capital permanente para que as conquistas sociais sejam de fato constantes.

Paulo Vitor Nogueira de Oliveira