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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Garçom, mais uma dose de hipocrisia, por favor!



O que não falta nesse país é hipocrisia, a começar pelo artigo 5º da Constituição Federal que reza o seguinte: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade". É ou não é uma piada? Eu poderia escrever 1000 páginas sobre a sociedade hipócrita em que vivemos se o tempo colaborasse comigo, mas hoje vou falar sobre a Amazônia. Apesar de ocupar 61% do território nacional, podemos dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade. Isso porque ela é o maior condicionador de ar do planeta: a umidade que libera no ar ajuda a controlar a temperatura global (e em tempos de aquecimento, ela é essencial). Além disso, a Amazônia absorve quantidades enormes de carbono da atmosfera e regula o ciclo de chuvas das regiões Sul e Sudeste até a América Latina. Jornais de grande influência no mundo, como o The New York Times dos Estados Unidos e o The Independent da Inglaterra publicaram reportagens sobre isso.

Mas será que o governo brasileiro tem competência para cuidar da maior floresta do mundo? Infelizmente não (pelo menos é o que temos visto até agora). Na Amazônia vivem cerca de 20 milhões de brasileiros e nela pode estar a cura de muitas doenças se sua flora fosse devidamente usada para fins medicinais. Vale ressaltar que suas espécies de plantas e animais fazem do Brasil o país com a maior biodiversidade do planeta e que o percentual de água doce que temos na floresta chega aos 21% (algum país do mundo chega pelo menos perto disso?). Onde entra a hipocrisia aí? Dizer que "a Amazônia é nossa" e nada fazer, não é só hipocrisia, mas é brincar com a cara do povo e não dar valor a uma riqueza tão grande. Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento na Amazônia só aumenta (e com a saída da Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente aumentou ainda mais). Não estou aqui defendendo a Marina (senão teria votado nela para presidente), mas sim citando um fato. O que é feito para, pelos menos, diminuir o desmatamento? Os responsáveis são de fato punidos? O que vemos é que quem desmata a Amazônia (e outras florestas) paga pequenas multas (quando paga) e fica tudo bem. Isso não é punição, e sim um incentivo para que se desmate mais e mais! Se "a Amazônia é nossa", o que deveriam fazer os políticos (e o governo) se quisessem e tivessem vergonha na cara? Tomar atitudes concretas e eficazes contra a impunidade (talvez a maior mazela desse país), não assinar projetos de lei que favoreçam a grilagem e o desmatamento, colocar as forças armadas (exército, marinha e aeronática) em conjunto para tomarem conta da Amazônia, que neste momento falece nas mãos de fazendeiros e políticos como Blairo Maggi, ex governador de Mato Grosso e agora senador e 2º mais rico do Congresso Nacional*. Agora um recadinho para a presidente (e não presidenta, como ela quer ser chamada) Dilma Rousseff: afirmar que a Amazônia é nossa, além de bonito, fortifica a soberania nacional, mas saiba de fato provar que entende de soberania nacional mostrando que seu governo cuida do que é verdadeiramente nosso. Mas para todos os efeitos: garçom, mais uma dose de hipocrisia, por favor!

*http://www.midianews.com.br/?pg=noticias&cat=1&idnot=41103 (acesso em 18/02/2011)


Aurilânio Nobre da Cunha

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Até onde ainda vamos com o capitalismo?


As transformações sociais na Venezuela, no Brasil, Bolívia, Equador, China e o desmoronamento latente das grandes potências capitalistas demonstram algo além da superficialidade de uma crise esporádica divulgada na mídia: o socialismo é cada vez mais necessário. Em alguns dos países citados acima não há de fato uma política socialista, entretanto as “conquistas” sociais nessas nações são fruto de políticas de origem socialista, como investimento público em áreas de interesse social, criação de empregos públicos sem a necessidade real da iniciativa privada, relativo controle da inflação e do mercado, ampliação dos poderes de empresas estatais e etc.

Entender a realidade além das perspectivas sórdidas da imprensa brasileira e mundial é extremamente necessário para obter a principal ferramenta de transformação da sociedade contemporânea, o conhecimento crítico. Esse conhecimento só pode ser construído com bases firmes de independência jornalística, educação de qualidade no sentido social do termo, conteúdo analisado sobre a perspectiva materialista e aberto ao debate realmente público em todas as suas esferas.

Para entender a necessidade de superação do capitalismo é necessário apenas saber ver no lugar certo. O mundo exige mudanças, e elas tendem a acontecer. As manifestações nos países árabes, principalmente o Egito, demonstram a urgência das transformações exigidas que vai além de uma suposta “democratização”, isto é, a realidade que o povo árabe deseja superar é uma situação de desigualdade e abandono próprio dos países capitalistas apoiados pelo EUA. Esse mesmo patrono do capitalismo mundial (EUA) não tem a menor intenção de mudar a realidade dos países árabes que sofrem pressão popular, pois o capitalismo necessita desse controle tanto social, econômico quanto militar.

Você lembra da invasão ao Iraque ou ao Afeganistão? Os EUA justificaram tais ações militares como sendo o “único” meio possível para levar a “sagrada democracia americana” a esses países que, assim como o Egito, viviam há muitos anos sob a tutela de ditadores. Então o Egito não sofre intervenção por quê? Por que o governo Egípcio defende os interesses americanos junto de Israel no oriente médio, oprimindo povos árabes africanos do norte — o Egito explora o rio Nilo de tal forma que este rio e os afluentes que necessitam dele em outros países como o Sudão e Etiópia estão praticamente desaparecendo ou ficando totalmente intragáveis; já Israel oprime de todas as formas possíveis o povo palestino, tendo poder militar superior a todos os países árabes juntos (talvez exceto o Irã) — propagando assim o “desenvolvimento da região”.

Por isso tudo a luta precisa continuar e tornar-se cada vez mais intensa. Ainda há uma chance, e é você que constrói todas as possibilidades, se omitir é no mínimo desumano e apoiar é totalmente criminoso.


Paulo Vitor N. de Oliveira